Fortaleza, CE – O tema é delicado e pode ser considerado um tabu dentro da comunidade de internet. O aluguel de endereços de IP, embora não incentivado pelo LACNIC, é uma prática recorrente que para alguns especialistas surge como solução para pequenos ISPs, que atualmente esperam numa fila de sete anos para obter uma transferência de registro, diante do esgotamento de endereços IPv4.
Por sua vez, brokers veem nisso uma oportunidade de rentabilidade, enquanto são aberta e duramente criticados por isso pelos provedores ASNs (Número de Sistema Autônomo, em português), que defendem que IPs não são propriedades comerciais. O debate então, revelou uma variedade de perspectivas e preocupações sobre essa prática.
Nacho Mateo, diretor de vendas da IP Broker, site de negociação de endereçamento IPv4, destacou justamente essa oportunidade de negócios que o aluguel de IP representa. Com ressalva, ele enfatizou a necessidade de aderir às políticas e regulamentações vigentes e não apoiar aluguéis que não estejam de acordo com essas políticas, que é uma das principais justificativas de quem se opõe ao leasing de endereços de IP.
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Já em conversa com a DPL News, Ricardo Patara, do NIC.Br, explicou que o endereço IPv4, assim como qualquer endereço IP, nunca foi um ativo em si mesmo e devem estar ligados à prestação de serviços e não ser tratados como mercadorias para aluguel. Segundo ele, faz sentido receber uma concessão de uso de endereço IP de uma entidade (como a LACNIC) com um registro regional de internet para prestar serviços, como acesso ou hospedagem de sites.
“No entanto, alugar o endereço IP, separadamente do serviço, é visto como uma prática filosoficamente incorreta”. Ele ressalta que essa é uma opinião pessoal e não do NIC.Br. Outros participantes sugeriram que a ênfase deve estar nas transferências e alternativas mais adequadas, ao invés de incentivar um mercado de aluguel de IP.
Aluguel a curto prazo e IPv6 a longo prazo
Neste sentido, Douglas Fischer, engenheiro de controle e automação, reforçou a ideia de que o aluguel de IP deve ser visto como uma solução para expandir a conectividade em áreas onde o IPv4 se esgotou. Ele argumentou que, embora não seja o ideal, o leasing pode ser necessário no curto prazo, especialmente para pequenos provedores de internet.
Com exclusividade, ele declarou ser sim, favorável ao aluguel de IPs.“Mas eu sou totalmente contra quem recebe um conjunto de IPs que sabe que não deve ser alugado e fazer isso, porque aí ele está quebrando uma regra que ele já sabia que não deveria quebrar. Então, a minha visão é de poder ajustar as normativas para que a prática seja permitida dentro dos conceitos específicos.”
Salvador Bertenbreiter, CEO do PIT Colômbia e PIT Peru, ressaltou a importância da adoção do IPv6 como uma solução de longo prazo para o esgotamento de endereços IP. Eles argumentam que, embora o aluguel de IPv4 possa ser uma solução temporária, a transição para o IPv6 é fundamental para garantir a expansão sustentável da Internet, uma vez que essa nova geração oferece um pool muito maior de endereços IP, o que é essencial para atender às crescentes demandas de conectividade na América Latina e no mundo.