Operadoras batem na tecla do fair share em Painel Telebrasil Summit 2023

Operadoras batem na tecla do fair share em Painel Telebrasil Summit 2023

Não se falou em outra coisa na rodada da manhã neste primeiro dia do Painel Telebrasil Summit 2023. Os CEOs das principais operadoras (Claro, Vivo, Tim e Oi) aproveitaram o momento e a presença de autoridades políticas e do setor de telecomunicações para insistirem nos principais debates do momento: fair share e mudança do regime de concessão de telefonia fixa para autorização.

O fair share é um debate que ganhou espaço no mundo todo e recentemente chegou ao Brasil por meio do Projeto de Lei (PL) 2768/2022, que prevê regulamentação das plataformas digitais, tendo em vista o jugo desigual no investimento de infraestrutura de redes entre as teles e as gigantes de tecnologia. Em todos os momentos em que houve oportunidade, os representantes das operadoras tocaram no assunto.

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“Nossos investimentos muitas vezes não são suficientes para cumprir com todas as necessidades que o país precisa para uma melhor capacidade de cobertura, se fosse dividida por outros agentes, faríamos mais. Respeitamos todos os atores da economia, mas é impossível enfrentar os novos tempos com as velhas regras”, disse o CEO da Vivo, Christian Gebara, que também passa a assumir a presidência da Telebrasil.

José Felix, CEO da Claro, em concordância, acrescentou que o território brasileiro é imenso e os investimentos devem ser remunerados através das big techs, “caso contrário, fica difícil”.

Por sua vez, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, reforçou que a agência não irá se omitir quanto a esse debate e que até o final de 2023 haverá um relatório de impacto regulatório e uma proposta de solução pelo conselho diretor.

Telefonia fixa e reforma tributária

Desde a privatização do setor de telecomunicações, há 25 anos, que a regulamentação de telefonia fixa segue a mesma. Os contratos atuais vencerão em 2025 e a discussão se intensifica à medida que o prazo se aproxima e a perda de relevância do serviço fixo só aumenta. Para a Vivo/Telefônica, por exemplo, essa é uma área que representa queda de 6% em sua receita.

“É necessário avançar com processo de adaptação do regime de concessão para autorização e que as condições trazidas pelo novo modelo busquem uma forma de estimular uma solução justa e equilibrada que aproveite os investimentos como alavanca de digitalização”, argumentou Gerbara.

Quanto à reforma tributária o clima é de indignação pelo não reconhecimento da essencialidade das telecomunicações e transversalidade dos serviços do setor, que é um habilitador de vários outros.

“Todos utilizam nossos serviços para digitalizar suas indústrias, estudar, se divertir, enfim… A reforma tributária tem que considerar nosso setor como essencial porque de fato somos”, sentenciou Alberto Griselli, CEO da TIM.